sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cartola (1974 e 1976)


    

Se você que é compositor, músico, intérprete, que ainda não é reconhecido, já passou dos 30 e acha que é melhor desistir da música porque que está velho demais, não se desespere. Um dos maiores compositores da história do país foi gravar seu primeiro disco aos 66 anos. Mas valeu a pena esperar. O primeiro (1974) e o segundo disco (1976) de Cartola estão entre os maiores clássicos da música brasileira.

Eles são a prova de que uma pessoa mesmo sendo de origem simples, sem estudo, também é capaz de escrever as letras mais lindas e cantar as músicas mais belas. É impressionante a poesia na música de Cartola. E o instrumental também é maravilhoso, afinal ele estava acompanhado pela nata do samba na gravação dos seus primeiros discos.

Ele começou cedo no samba. Na década de 20 se mudou para a mangueira sendo inclusive um dos fundadores, em 1928, da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Conheceu e fez parcerias com sambistas ilustres como Carlos Cachaça e Noel Rosa. Na década seguinte foi gravado pelos maiores artistas da época como Mário Reis, Francisco Alves e Carmem Miranda. Era reconhecido até pelo Maestro Heitor Villa-Lobos, que em 1940 o convidou para fazer algumas gravações em um projeto de música popular.

Os anos seguintes foram difíceis para Cartola. Com problemas de saúde (ele contraiu meningite) e financeiros, ele sumiu por uns anos do circuito de amigos. Alguns acharam até que ele tinha morrido. Foi lavando carros que, em 1957, o jornalista Sérgio Porto (que assinava como Stanislaw Ponte Preta) o reconheceu e o ajudou a retomar sua carreira musical.

No início da década de 60 Cartola junto com Dona Zica (sua esposa) abriu o bar Zicartola, importantíssimo para a música brasileira, pois nesse bar se encontrava o pessoal da antiga geração do samba como Nelson Cavaquinho e Zé Keti, com a da nova geração daquela época como Paulinho da Viola e Elton Medeiros, além do povo da Bossa Nova, como Nara Leão.

Na década seguinte viria a consagração. Através do produtor e pesquisador musical Marcus Pereira, Cartola, em 1974, grava seu primeiro disco. Ali estão clássicos como O sol nascerá, Alvorada, Quem me vê sorrindo. No seu segundo disco, de 1976, mais uma seqüência formidável de musicas que entrariam para a história da música brasileira. O Mundo é um moinho, As rosas não falam, Cordas de Aço, além da maravilhosa gravação de Preciso me encontrar, de Candeia. Valeu a pena esperar.


                                                                 O Mundo é um moinho
                                                                   
                                                                  As Rosas não falam
 
                                                                          Alvorada
  
                                                                     O Sol nascerá

Disco: Cartola
Artista: Cartola
Ano: 1974
Destaques: O sol nascerá, Alvorada, Quem me vê sorrindo.

Disco: Cartola
Artista: Cartola
Ano: 1976
Destaques: O mundo é um moinho, As rosas não falam, Cordas de aço, Preciso me encontrar.
Indicação: Documentário Cartola - Música para os olhos, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, de 2006.


3 comentários:

  1. Muito bom!

    Embora haja uma superioridade evidente do segundo álbum para o primeiro, ambos são jóias raras da música brasileira, e da música mundial também, afinal, samba é Cartola.

    Tenho muito orgulho de ter tanto o álbum de 74 quando o de 76 originais aqui na minha coleção.

    Ótimo Blog ! Abraço!

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  2. Cartola e Nelson Cavaquinho - além da Mangueira no sangue - também se assemelharam pela demora em gravar. Azar de quem deixou de ouvi-los por tanto tempo.

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